segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O que é espiritualidade, o que é ter uma vida espiritual, alguém sabe?

Há tempos venho pensando nisso e de forma mais intensa nos últimos dias - o que é espiritualidade, o que é ter uma vida espiritual?
Alguém sabe? Alguém pode me contar?
Consigo perceber alguns elementos de uma vida espiritual, algumas indicações, mas não tenho certeza, não tenho aquela certeza que me dá força, aquela resposta que é tão verdadeira que não deixa mais qualquer espaço para dúvida!
As pessoas que vivem num ashram, num convento, as pessoas que se dedicam apenas a práticas espirituais/religiosas levam uma vida espiritual? Essas pessoas estão vivendo sua espiritualidade?
É preciso abandonar a vida mundana para se ter uma vida espiritual?
É possível passar anos num ashram ou num outro centro qualquer dedicado a Deus e estar muito longe dele? A visão tão próxima de Deus pode ofuscar?
A vida espiritual é empreender um caminho que nos leve a Deus?
Vejo muitas pessoas principalmente falando sobre práticas espirituais. Algumas fazendo pouco, outras fazendo muitas, mas e...?
Será necessário passar o tempo todo rezando, recitando mantras, meditando para se ter uma vida espiritual? E o dharma? E qual é o meu papel? O que Deus quer de mim?
O que vim fazer neste planeta e qual é meu caminho agora?

Lá no ashram encontrei um pôster da Amma em uma parede do "green roof" (o teto verde), onde eu fazia algumas aulas, com uma frase que me marcou:
"Espiritualidade é um sorriso profundo e verdadeiro em todas as situações da vida." - Amma
Pesquisando na Internet, encontrei este texto atribuído ao Boff e ao Dalai Lama:
Do livro: “ESPIRITUALIDADE – Um Caminho de Transformação” de Leonardo Boff

Agora cabe colocar diretamente a pergunta: afinal, o que é espiritualidade? Uma vez fizeram esta pergunta ao Dalai-Lama e ele deu uma resposta extremamente simples: “Espiritualidade é aquilo que produz no ser humano uma mudança interior”.
Não entendendo direito, alguém perguntou novamente:
- Mas se eu praticar a religião e observar as tradições, isso não é espiritualidade?
O Dalai-Lama respondeu:
- Pode ser espiritualidade, mas, se não produzir em você uma transformação, não é espiritualidade. E acrescentou:
- Um cobertor que não aquece deixa de ser cobertor.
Então atalhou a pessoa:
- A espiritualidade muda ou é sempre a mesma coisa?
E o Dalai-Lama falou:
- Como dizem os antigos, os tempos mudam e as pessoas mudam com ele. O que ontem foi espiritualidade hoje não precisa mais ser. O que em geral se chama de espiritualidade é apenas a lembrança de antigos caminhos e métodos religiosos.
E arrematou:
- O manto deve ser cortado para se ajustar aos homens. Não são os homens que devem ser cortados para se ajustar ao manto.
Parece-me que o principal a ser retido desse pequeno diálogo com o Dalai-Lama é que espiritualidade é aquilo que produz dentro de nós uma mudança. O ser humano é um ser de mudanças, pois nunca está pronto, está sempre se fazendo, física, psíquica, social e culturalmente. Mas há mudanças e mudanças. Há mudanças que não transformam nossa estrutura de base. São superficiais e exteriores, ou meramente quantitativas. Mas há mudanças que são interiores. São verdadeiras transformações alquímicas, capazes de dar um novo sentido à vida ou de abrir novos campos de experiência e de profundidade rumo ao próprio coração e ao mistério de todas as coisas. Não raro, é no âmbito da religião que ocorrem tais mudanças. Mas nem sempre. Hoje a singularidade de nosso tempo reside no fato de que a espiritualidade vem sendo descoberta como dimensão profunda do humano, como o momento necessário para o desabrochar pleno de nossa individuação e como espaço da paz no meio dos conflitos e desolações sociais e existenciais.


Não tenho respostas, apenas indagações e algumas indicações para seguir, mas relendo o texto do diálogo acima, meu coração se enche de leveza. Talvez não exista um conceito único de espiritualidade, mas é sempre bom olhar para o que o chamado caminho espiritual está fazendo conosco. Observar o que ele tem provocado. Se permitir mudanças interiores, se levar a um caminho mais feliz, mais coeso, mais amoroso, se aprendermos a amar mais, talvez então este seja o caminho.
Mãe Divina, permita que eu fique sempre em seus braços e mostre-me o caminho!
Jay Ma

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