sábado, 13 de novembro de 2010

Permanecer...

Meu lindo e querido terapeuta, meu pai simbólico, que foi quem me trouxe à consciência a Amma e, confiando em si, me falou dela pela primeira vez, tem cada vez mais dito coisas sábias, sobre as quais reflito.
Por um lado Victor diz sempre que nas relações é preciso saber entrar, permanecer e sair, o que parece fácil de dizer, mas para mim é difícil de exercer, já que entro fácil demais e depois mesmo quando o permanecer se torna pesado e acabado, é muito difícil para mim sair.
Mas sobre outros temas, nos quais ele inclui (e eu também) o caminho espiritual e aí também as práticas espirituais, ele tem dito que é muito importante permanecer. Fazer uma escolha e permanecer, se manter na escolha feita, para permitir a construção. Tenho pensado muito nisso, principalmente em termos do desdobramento do meu caminho, que agora me mostra a importâncias das práticas e da manutenção dessas práticas.
Aprendi ultimamente que para "energizar" um mantra, ou seja, para que ele se "agarre" a você e "automatize" o processo de recitação, é preciso repeti-lo por pelo menos 108 vezes durante 47 dias. Se falhar um só dia, é preciso recomeçar a contagem.
Bem, a filosofia indiana cita bastante as vantagens da permanência, da persistência. Recitar seu mantra todo dia no mesmo horário, o mesmo número de vezes e no mesmo lugar (preferencialmente seu local sagrado) cria muita força.
Ah! Aqui minha cabeça deu nós por anos. Sempre achei que esta permanência, esta persistência, esta entrega era uma submissão limitadora, escravizadora.
Durante muito tempo achei que se "submeter" a essas regras era uma bobagem e que não tinha qualquer serventia.
Ter estado aquele mês na Índia onde não somente o povo (em sua maioria) do ashram, mas também muitas pessoas levantam todos os santos dias de suas vidas no mesmo horário, fazem suas orações, suas praticas, colocam Deus num local privilegiado, antes da vida mundana, me fez pensar, levantou uma pulga atrás da orelha.
Tenho pensado (e experimentado) a permanência. Serve para fugir da "dificuldade" que citei no post anterior e entender e me "convencer" da importância de continuar, sem parar nunca, a me levantar todo dia às 5 horas e fazer minhas práticas até as 6h30.
Mas já sinto que a insistência e a continuidade e a regularidade da prática, quando feita com amor, sem expectativa, também dá uma força interior enorme, que é uma das coisas que busco.
Victor também diz que andamos vivendo como as pessoas diante da tv, que ficam horas mudando de canal o tempo todo e não assistem nem mesmo a um filme ou propaganda.
Assim fazemos nós na vida, mudando de amigos, de terapeutas, de amores, de trabalho, de gostos.... sem permanecer e acreditando que isso é liberdade. Na verdade, a liberdade com força e poder vem do permanecer. Vem do construir, do elaborar, do crescer.


Permanecer pode ser um caminho para a entrega em termos espirituais?
Não tenho a resposta, mas sinto estar caminhando!

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