sábado, 11 de setembro de 2010

Final de semana no ashram

Finalmente hoje, abençoadas por Ganesha e por estarmos precisando de moeda local, cruzamos a ponte e fomos explorar Vallikavu, o vilarejo da Amma, que fica do outro lado do canal.
É um impacto de simplicidade, mas as pessoas são como sempre muito gentis. Demos um fora enorme – entramos no supermercado da cidade sem tirar o sapato! Todo mundo olhando prá gente de cara feia até que na hora de pagar a compra moça nos disse para pisar no tapete porque estávamos com sapatos!
Até no caixa eletrônico, tira-se o sapato e, surpresa – finalmente um ar condicionado! Pode parecer besteira, mas para quem está mal e com gripe há mais de uma semana, aqueles minutos no ar condicionado me pareceram o paraíso!
Fui novamente   à farmácia ayurvédica, que está sempre cheia de indianos comprando de tudo e pedi um remédio para tosse. Ele me deu um xarope, produzido pela marca da Amma que é um desafio para ser tomado. É a pior coisa que já tomei na vida, mas espero que funcione. Mas ele me deu também um pó para a dor de garganta que é miraculoso para recuperar a voz. Parece uma mistura de ervas e pimenta e minha voz, que havia sumido, voltou um pouquinho logo na primeira dose.
Mais uma vez me aventurei na cantina indiana porque a ocidental estava fechada. Apesar da carinha sujinha, é delicioso ir lá. Todo mundo tão super simpático e sorridente! Só não dá mesmo para fazer delivery porque o uso do jornal para embrulhar o sanduíche ainda é difícil pra mim.
Mônica ainda não conseguiu se aventurar do lado indiano. Preferiu comer batata frita de saquinho da lojinha. E olhe que ela faz o maior sucesso com os indianos. Todos dizem que ela parece indiana e que parece uma avó indiana. Acho que esta história de querer ser avó do Guiness tá pegando até no astral. Até na Índia ela é vista como avó!
Nossa, hoje praticamente não fiquei com a Amma, que ainda dava darshan quando vim para o quarto. Estar aqui é muito diferente dos outros lugares, pois a gente fica menos “babando” ao lado da Amma. Ainda não dá prá dizer como, mas é diferente! Não tenho aquela sensação de só estar com Ela se estiver ali colada. Mas tenho sim a certeza da divindade dela presente o tempo todo e agindo o tempo todo. Portanto, talvez seja mesmo o momento de começar a internalizar a Amma.
Hoje consegui bater papo com nossa vizinha de quarto, uma francesa que mora aqui há 7 anos! Incrível história, mas essa eu conto uma outra vez.
Até agora ninguém chegou nem perto do prêmio para o passeio de barco..... Não vale perguntar para o Luiz nem vale concorrer sendo amigo da Mônica, pois ela liga muito para o Brasil e pode já ter contado!!!!
Vcs nem imaginam do que a Amma é capaz de fazer para que seus filhos se trabalhem! O conceito de espiritualidade vai muito, muito além do que se imagina!
Meu seminário prático sobre o Gita termina amanhã. Pena. Uma experiência maravilhosa e pioneira na abordagem da reflexão de karma yoga!

Festival de Ganesha

O dia começou cedo, com o Maha Ganesha Homan às 5 horas. Não passei bem a noite e fiquei dormindo, mas Mônica foi assistir. Parece que estava bem cheio. Depois, às 6h30 houve a entronação do Ganesha, o mesmo que será jogado no mar no dia 19. Foi uma cerimônia bonita, com muita recitação. Em seguida, às 8h30 surgiram os elefantes da Amma, Ram (com presa branca) e Lakshmi, a menorzinha.
Hoje foi possível fazer fotos, então, seguem algumas:

Salão novo onde a Amma dá darshan e o puja que foi montado para os elefantes                                                                                                                     



Agora depois do almoço estávamos voltando para o quarto e passamos em frente à casa da Amma, que está dando darshan desde as 11 da manhã. Em frente ao quarto dela há um quiosque com teto de palha, algo redondo e hoje um swami estava lá dentro fazendo os rituais das crianças. Todos vêem em família e super felizes com os rituais das crianças. Pelo que entendemos há dois rituais, um que se faz com cerca de 8 meses de idade e outro co criancinhas maiores. Eles enfeitam muito as crianças e passam muito kajal nessas cerimônias. Desde pequenas as meninas já levam muitas pulseiras, brincos e efeites. Kerala é famoso por suas jóais e pela tradição.
Vamos ver se na próxima semana nos aventuramos em sair um pouquinho do ashram e vamos descobrir os arrredores.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Atenção, atenção - nova Mônica no pedaço

A Mônica que chegou aqui toda tímida, anda cada vez mais em casa e fazendo todas as incríveis descobertas do que é in e legal no ashram. E vejam só: descolou uma cabelereira francesa. Aqui está o resultado: uma nova e linda Mônica, com cabelinho francês, punjabi indiano e sorriso feliz!
Mônica também já é muito conhecida na boutique do ashram. Ela "arrasta o sári" por lá todo dia. Acho que agora não tem mais nada de novo para ela comprar, pois esgotou as opções. Estamos então pensando em ir mais longe na próxima semana!
Hoje também nosso querido amigo e irmão em Amma voltou prá casa. Foi lindo acompanhar esta experiência do Luiz! Foi muito legal partilhar com ele a fé e a devoção. Claro que vou ficar com saudades, mas cada um tem seu tempo e ele estava morrendo de saudades da Bia e do Brasil!
Então, segue a foto dele momentos antes de tomar o taxi para Cochin!


Hoje fizemos uma sessão de uma cura impressionante. Chama-se Radiance Healing e todos podem olhar o site com o mesmo nome. É possível fazer à distância e acho que as informações estão no site. Saímos de lá impressionados e energizados. Levamos um tempinho para voltar ao normal e ainda bem que fomos direto para o satsang da Amma. Logo depois o Luiz recebeu um lindo darshan da Amma e Ela deixou muito perfume na camisa dele!
Já que mostrei todo mundo, aqui vai também uma foto minha, uma semana de Amritapuri. Hoje estou melhor. Ontem fiz uma pasta com o vibhuti que a Amma dá no darshan, passei no meu pé todo e acordei melhor. Também tomei uma decisão de ir até a farmácia ayurvédica, comprei um tônico e comecei a tomar para ajudar na imunidade. Impossível reconhecer os ingredientes, mas o gosto é legal e me lembra o sabor de Biotônico Fontoura!
Decidimos continuar fazendo as sessões de Radiance Healing até irmos embora. Custa 700 rúpias o equivalente a 28 reais!!!!


Amanhã começa o festival de Ganesha e lá vamos nós assistir o puja às 5 da manhã. As 8 Amma vai dar comida aos elefantes e acho que nós também poderemos dar comida para eles. Pela tradição amanhã o Ganesha será entronado e cultuado durante uma semana. No dia 19 a estátua dele será levada até o mar e será jogado lá! E tudo recomeça mais uma vez!
Quem acertar o motivo do constrangimento do barco ganha um presente especial...rsrsrsrrsrs

Fotos do passeio de barco

O barco do passeio
John, o guia, à esquerda, minhas amigas canadenses e um indiano. Reparem no barqueiro.
Chegada ao templo de Shiva! Desta vez, a Mônica de costas!!

Respostas, se possível às perguntas

A Dolcy percebeu bem que eu comentei pouco sobre o passeio de barco. Tenho um motivo desconcertante para estar evitando isso, mas vou descrever o passeio. O barco é um bote grande, levado por um dos habitantes do local e tem um guia, o John, que é sevita temporário daqui, uma figura. Nas terças-feiras a gente vai para a direita do backwater e no sábado para a esquerda. Como fomos no passeio da terça, a gente passa diante da escola em que a Amma estudou, que hoje ainda é uma escola e que pertence ao ashram e depois paramos em 2 templos locais: um dedicado à Krishna, na forma de Mahavishnu, e outro dedicado à Deusa que é o templo que a Mãe da Amma freqüentava. No primeiro o guia nos deu muitas explicações sobre os simbolismos do templo, fizemos vários rituais e no segundo cada um já foi fazendo o seu.
As bordas do backwater, cujas águas são salgadas, são todas contidas com pedras e ao longo desses 3 a 4 km que fizemos, vimos vários barcos de pesca enormes. Há também algumas casas simples e outras maravilhosas. A paisagem é paradisíaca. Vou tentar postar algumas fotos para vocês.
Esta foi a única vez que saí do ashram e estou vivendo um dilema, pois tenho uma sensação que não me abandona de medo de sair daqui.
Respondendo prá Yara, não estou mais acordando às 4 para a prática das 5 da manhã por causa dos pés e da necessidade de descansar. Mas agora estou cuidando dos meus pés com o vibhuti que a Amma dá em cada darshan e hoje já estou melhor.
Segunda-feira vou até o College de ayurdeva e já tenho uma indicação da médica daqui para o tratamento lá.
Minhas práticas espirituais têm se limitado a fazer os 108 nomes, fazer meu mantra, o maha nama, o mantra de Ganesha e meditação. Depois disso, faço meu mantra o dia inteiro. Estou trabalhando mais uma postura espiritualizada, ou seja, inserir minhas práticas dentro de uma vida normal. Mas fazer práticas aqui é bem fácil e tem muita oportunidade para isso. Pessoas fazem dia de silêncio, ocultam os ouvidos – enfim, tem de tudo.
O Hall antigo, que a gente chama de templo de Kali, mas que não foi consagrado a Kali, onde a Amma dá o prassad de terça-feira fica aberto o tempo todo, tem uma energia maravilhosa e você pode ficar lá o dia inteiro!
Também é interessante (e às vezes desconcertante) prestar atenção nos encontros e no que as pessoas nos dizem. São ensinamentos o tempo todo!
Outro dia um senhor que conheci no barco me parou para dizer que o Swami Ramakrishnananda só vai voltar ao ashram em dezembro e me disse: Amma é nossa Mãe. É  sua mãe também, portanto, lute por Ela. E não se sinta influenciada quando escutar, Amma me disse isso, Amma parou e me disse aquilo. Isso é necessário quando o discípulo ainda não internalizou a Amma. Uma vez Ela internalizada, o guru para de te estimular externamente para que você o interiorize. Considere isso uma forma enorme de amor da Amma para você. Era exatamente o que eu estava pensando. Tanta gente reporta que a Amma dá bola, Amma disse isso, Amma etc.... Ela sabia que eu estava com isso no coração e lá veio a resposta!
Hoje vou apenas fazer o curso do Gita e depois vou ao satsang da Amma. No mais vou descansar. Mal estou podendo fazer meu seva de limpar o caminho da Amma! Mas Ela tem sido linda comigo e tem me permitido fazer um pouquinho.O curso do Gita, que está sendo dado desta forma pela primeira vez, tem sido maravilhoso. A gente parte de jogos e de práticas corporais para então chegar ao conteúdo do Gita. Pena que são apenas 5 dias.
Amanhã começa pó festival de Ganesha e esqueci de contar a coisa mais linda do Universo. Com muita freqüência, o pessoal leva os 2 elefantes da Amma para rezar no Kalari, que é o primeiro templo da Amma, um lugar com uma energia incrível, mas incrível mesmo. Para mim é lá o centro do portal energético de tudo, o umbigo disso tudo conectado à Ganga. Também lá no Kalari é que se fazem os pujas e são feitos pujas o dia todo, o tempo todo.
É a coisa mais lindinha ver os dois elefantes parados e rezando diante do templo. Você percebe claramente que eles sabem o que estão fazendo ali!
Vamos ver como será o espetáculo de amanhã! Desde ontem, só penso na Abahayam por aqui em pleno festival de Ganesha – 9 dias de festa!!!
Bem, agora vou voltar para minha leitura do capítulo 3 do Gita. Até breve
Um último comentário: é enloquecedor tudo o que eles têm aqui sobre a Amma! Cada foto!!!! Incrível! A gente fica doidinho e quer comprar tudo. Luiz, que parte hoje, e vai me deixar com saudades dele, comprou muita coisa e acho que eu também vou acabar comprando. Por enquanto, comprei apenas muita roupa. Há muito tempo me sentia mal por não encontrar roupas do meu tamanho no Brasil e acabei descontando aqui!
Hoje agradeci muito à Amma pela linda viagem que fizemos juntos. Foi muito bo partilhar nosssa devoção nesses dias, entre eu e o Luiz e espero que isso continue.
Mônica também está ótima, fazendo suas conquistas, ganhando muitos presentes da Amma e tudo está bem!!!!
Ah, caso alguém já esteja se preparando para vir: não tragam lençois - aqui tem ótimos por apenas 250 rúpias - ou seja, 13 reais!!!!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Indianos e ocidentais, todos filhos da mesma Mãe

Estou voltando a escrever agora de noite, com mais notícias. Hoje, finalmente, depois de 1 semana me aventurei na cantina indiana. É umpouco impressionante, pois é mais sujinha do que a nossa, eles embrulham tudo em jornal, mas o povo é muito mais legal. Eles me tratam sempre bem e comi um prato que se chama masala dosha. Um era mais picante e o outro nem tanto. A separação entre indianos e ocidentais me incomoda um pouco. Eu gostaria de me integrar mais com os indianos, mas entendo que Amma faça isso para preservar a todos. Preservar os indianos contra este bando de filhos maluquinhos de todo o mundo que aqui aparecem por aqui.
Mas há uma atração irresistível pelo Ocidente que também se percebe nos jovens. Hoje muitos dos garotos de Bangalore que estavam aqui recebendo darshan da Amma comiam na cantina ocidental como se estivessem fazendo uma grande aventura!
Finalmente, a aventura deles é igual à minha!
Meu darshan foi lindo e criei coragem e disse para Amma: Please, mother, come to Brazil again! Ela olhou bem nos meus olhos e disse: Yes!
Amanhã o Luiz volta prá casa e provavelmente muita coisa vai mudar na nossa vidinha. A partir de sábado há um festival de Ganesha que vai durar uma semana e eespera-se muita gente e logo depois os preparativos para o aniversário da Amma, trazendo mais gente ainda.
Estávamos numa ótima camaradagem e espero que também seja assim com os próximos visitantes. O melhor mesmo seria se a Mãe nos deixasse aqui sozinhas e tranquilas... mas não acredito muito nisso.

Silêncio? O que é isso?

Sempre esqueço de falar sobre o ruído único que existe no ashram e que começa pontualmente às 4h50 da manhã e vai até as 23 horas. Além dos milhares de ruídos, das canções super altas dos templos/casas próximos, das máquinas, há também os pombos e os corvos. Esses corvos, pássaros pretos pequenos, voam baixo e alto o tempo todo e, segundo a Mônica, ficam repetindo incessantemente: Ma, Ma... Eu sempre digo que eles são os olhos da Mãe e ficam voando para que a gente não se esqueça do que estamos fazendo aqui. Além disso, há uma quantidade enorme, mas enorme mesmo de estudantes. Nosso prédio, por exemplo, é essencialmente ocupado por jovens, lindas meninas que na sua maioria estão fazendo mestrado em engenharia de computação e estatística.
Além delas há um enorme grupo que anda com um uniforme marrom, garotas mais jovens e nos últimos dias temos também centenas de rapazes entre 15 e 18 anos de outros campi e outras escolas que estão aqui visitando a Amma.
Continuando a descrição sobre o ambiente humano, há também todas as famílias indianas e as crianças, há também as centenas de idosos que moram aqui, há todos os residentes mais jovens da Índia e finalmente nós, já me incluindo entre os residentes permanentes e os temporários, que também são muitos.
Dá prá ter uma idéia? Então, não espere vir para cá para desfrutar de silêncio, introspecção como em um convento. É toda uma outra filosofia. Manter-se em silêncio e em paz com toda esta agitação em torno.
Mas encontrei pontos de silêncio neste agito todo (até agora 2): o melhor e mais delicioso é ficar próximo à casa da Amma. Ali parece que se cria uma energia de silêncio e paz, a mesma que a gente sente quando está nos braços dela. Outro ponto é ficar na praia. Apesar do barulho do mar, é muito relaxante e muita gente fica lá.
Foi no passeio de barco que me dei conta do ruído incrível que vivemos aqui. Até então estava tão envolta que nem havia percebido.
Hoje novamente dia de darshan e lá está nossa Mãe Divina desde as 11 da manhã. Hoje é meu dia de darshan, mas ainda não vou levar o livro do Brasil. Vou sim procurar o swami que me indicaram e falar com ele.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Um pouco de mim hoje


 Hoje bem cedo saímos para caminhar, Luiz e eu, enquanto Mônica se preparava para os pujas familiares. Nosso passeio durou pouco porque foi interrompido pela chuva, mas, como não podia deixar de ser, aconteceu algo incrível, que contarei depois.

O sofrimento, um mal necessário?

Com a história do seva, pela primeira vez falamos das dificuldades do corpo né? A Bhanumati tinha dito que a Índia era ótima para a alma, mas ruinzinha para o corpo e acho que, apesar do meu otimismo, estou tendo que admiti que ao chegar aqui na Índia e, especialmente ficar aqui no ashram está me levando a alguns processos de purificação que passam pelo adoecimento do corpo. Estou há 2 dias com os pés muito inchados e cheios de bolhas, algumas criadas pela desidrose e outras por uma reação alérgica aos mosquitos. Nunca consigo ser atendida pelos médicos do ashram e sempre tem alguma coisa acontecendo e lá vou eu, priorizando a alma, deixando o corpo de lado.
A dor está sempre ali e tenho meio que percebido o quanto ela me acompanha. Sempre tenho dores e são poucos os dias em que não sinto qualquer dor. Pela primeira vez, talvez ainda de forma precária, estou conseguindo me separar um pouco do meu corpo e olhar a dor com certa distância.
Estou também otimista, pois o princípio que me guia, de que a Amma sempre provoca tudo e qualquer coisa na minha vida para o meu bem, me conforta, mas tenho que admitir que meus pés não estão bonitinhos.
Ainda bem que há havaianas, a única coisa que consigo calçar...
Mas então, será que precisamos mesmo sofrer? Como se dá este processo de purificação? São meus temas de meditação de hoje.
O que posso fazer para cuidar do meu corpo de forma tal a não ter que passar por estes processos de purificação?
Hoje, terça-feira, dia dedicado aos residentes. As pessoas descansam um pouquinho, cuidam de suas coisas pessoais, depois se reúnem no templo de Kali, meditam com a Amma e depois do satsang e do bhajan a Amma dá prassad para todos. No final aparece tanta gente que vc se pergunta ode estavam! Sem ter lido o comentário da Nístula, por causa dos meus pés fui bem cedo para o templo, logo depois do café da manhã. Cheguei lá às 8h30 e fui ficando, fazendo meus mantras e, naturalmente, acabei pegando um lugar maravilhoso!
Agora à tarde, às 4h30 vamos fazer um passeio de barco pelos backwaters. O barco vai passar diante da escola em que a Amma estudou e também passará por outros lugares super interessantes.
Ainda não entreguei o livro para a Amma porque estou observando esta semana, mas prometo que não esqueci, que olho o tempo todo para ver qual será o melhor dia.
Dolcy, o dia que vc vier aqui nunca mais vai querer sair... Os bhajans são maravilhosos, lindos!!!! Tem aula de tudo o que vc quiser.... harmônio, cantos etc. etc....
Max, já achei seu presente da Amma!!!! Quando vi, não resisti, só que agora vc vai ter que aguentar a curiosidade, porque vou voltar um pouco mais tarde do que havia previsto.
Estou pensando em ficar aqui direto até dia 28 e só depois viajar. Vamos ver. Vai depender um pouco do preço da alteração.
Yara, já comprei todos os livros novos que vi pela frente!
Bem, vou rezar mais um pouquinho... Tentar colocar também os pés para cima.
Laura e Lucas, se lerem este post, não se preocupem, estou muito, muito bem e feliz como pinto por ter esta graça de estar aqui!!!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O seva ou o trabalho voluntário

Fico muito feliz em ver que algumas pessoas lêem o que escrevo, esperam novidades e queria dizer, mesmo parecendo repetitiva, que nada do que eu possa escrever aqui descreve a intensidade de estar  em Amritapuri. Outro dia uma residente antiga nos contou que a Amma disse que este lugar é tão poderoso que mesmo sem fazer sadhanas (práticas espirituais) e sem qualquer consciência, o simples fato de se estar aqui nos ajuda a progredir. Várias vezes já comentamos que parece que estamos aqui há meses. Mal consigo definir os dias da semana. Às vezes o tempo se arrasta, minutos depois parece estar passando muito rápido, rápido demais. Quando a gente parece querer se ajeitar, codificar, controlar, lá vem a Amma e muda tudo. Tudo muda mesmo. Por exemplo, se o dono do quarto em que estamos chegar, teremos que nos mudar daqui! Assim, de uma hora para outra, exatamente agora que já estamos acostumados, que tudo já está limpinho e nos trinques (padrão brasileiro). Só faltou mesmo varrer as paredes e consertá-las, pois até agora não consegui ninguém.
Hoje fiquei meditando sobre o que falar, já que é segunda-feira, dia um pouco morno no mundo todo. Aqui também fica uma sensação mais de quietude, pois não há pessoas de fora como no final de semana, as jovens e os jovens estudantes estão mais concentrados e quietos em suas aulas. A agitação das milhares de pessoas ficou para trás e hoje não tem darshan;  temos apenas bhajans à noite e estamos rezando para a Amma vir cantar!
Então, como segunda-feira é dia de trabalho (mesmo que aí seja feriadão), vou falar do nosso seva. Há algum tempo atrás tinha falado com a Yara sobre o ashram e ela tinha me falado sobre o novo seva de lavar a louça de forma controlada e organizada. Bem, claro que acabamos caindo no setor de lavagem de louça. Lavamos louça, Mônica e eu, na cozinha ocidental, ao lado da padaria/confeitaria todos os dias das 11 à 01 da tarde. No primeiro dia logo vi o que a Yara tinha falado. A economia de água chega ao extremo. Quanta dificuldade para nosso padrão brasileiro de esbanjar água sem qualquer consciência. Aqui há conscientização sobre tudo. Por exemplo, nos elevadores cabem 5 pessoas e ficamos esperando até ter a lotação máxima para partir.
Mas voltando ao nosso seva, claro que caímos lá ou pelo menos eu caí lá para aprender. Aprender o quê? Um monte de coisas. Economizar os recursos, aceitar as coisas simplesmente como são, aprender a confiar, entregar cada vez mais minha vida ao guru.
Antes de começar nossa tarefa tivemos uma aula completa e exaustiva com a supervisora do setor de lavagem que falou muito sobre economia, sobre organização e sobre limpeza e prevenção de bactérias. Eu juro que entendi (e Mônica também) que ela disse que era para colocar uma tampinha de um desinfetante ecológico que eles chamam de e.m. na última água.
Ah, então, antes de contar o seva, vou explicar como se lava a louça aqui em Amritapuri. Uma pessoa limpa os pratos sujos, retirando toda a sujeira possível e distribui a sujeira em: composto, água suja, papel usado e não reciclado, plástico, etc...
A segunda pessoa faz a pré-lavagem. Passa a louça numa água e usando uma esponjinha de aço retira a sujeira. Daí se passa a louça para uma segunda bacia que tem um pouco de detergente, onde ela é lavada novamente. A louça passa então para uma terceira bacia onde é exaguada e é colocada no escorredor. Este processo de lavagem e enxágüe é feito por uma terceira pessoa. Uma quarta pessoa enxuga tudo e guarda nos locais indicados. Este mesmo processo é feito para lavar a louça das pessoas que comem, com uma pequena diferença. Então, eu como, levo meu prato para o local de lavagem, entrego para uma moça e vou até o final do processo, retiro outro prato já lavado e levo para secar. Os panos de prato também passam por um processo econômico especial, mas aí é muito complicado.
Voltando ao primeiro dia, queríamos morrer. Mônica ficava reclamando o tempo todo da sujeira e nós, de forma pretensiosa, compramos esponjas novas para “doar”. Chegamos lá e fomos logo pedindo e reclamando, queremos EM. Acabaram perdendo a paciência comigo, pois só eu falo e parece que o procedimento do EM já foi abolido!
Estas bacias com água são trocadas apenas uma vez a cada duas horas, ou seja, a cada troca de turno. Apenas a água mais suja, a da pré-lavagem, é eliminada. A da segunda bacia passa para a primeira, a da terceira passa para a segunda e só se põe água limpa na terceira bacia. A cada 15 minutos a gente fica querendo trocar a água até porque aqui também se usa um sabão em pó feito cinza que escurece a água e que dá uma aparência horrível para tudo.
Ninguém fica doente, tudo caminha bem. A economia é enorme! O planeta, meus netos e descendentes agradecem!
Hoje foi o terceiro dia que fiz seva lá na cozinha e foi meu último dia! O seva correu super bem. Logo pensei: é sempre assim, quando ficamos em harmonia, lá vai a Amma e nos muda para uma nova aprendizagem.
Amanhã, terça-feira, todo mundo medita de manhã no templo com a Amma e depois ela dá o prassad, o almoço para todo mundo! Os sevas recomeçam apenas depois das 14 horas então, não teremos que lavar louça amanhã de manhã. A partir de 4ª-feira vou fazer um curso prático vivencial do Bhagavad Gita neste mesmo horário e tive que mudar de seva. Mônica vai continuar lá, já está mais acostumada. Apenas algumas bacias continuam caindo na cabeça dela, ela continua reclamando um pouquinho, mas está mestre no pedaço.
Ganhei um outro seva que espero conseguir fazer. Vou varrer à moda indiana o caminho por onde passa a Amma, duas vezes por dia. Luiz ficou dizendo que isso não é seva, é presente e eu concordo! Mas sei que também não será fácil,  pois vai exigir um esforço corporal intenso. As pessoas aqui varrem o chão de uma forma totalmente diferente e bem abaixadas. Minhas costas é que vão falar depois.
Ah, para quem se interessar, hoje voltei para a loteria da consulta da astrologia. E aí?..... tirei...... Número 1!!!!! Fiquei super feliz. Hoje o número de candidatos era maior do que ontem e, mesmo assim, Amma me deu este presente!
Agora vou terminar minhas traduções e vou meditar um pouco na praia.
Tô com saudades!!!!

domingo, 5 de setembro de 2010

Mais um dia! Sei que tem gente esperando para ler este blog, mas é difícil limitar com palavras. A cada vez que penso em escrever sobre um tema, me parece que estou limitando minha vivência e impedindo quem um dia virá de também viver. Mas aqui vamos nós e se alguém não gostar, peço desculpas.

Domingo – acordei como se houvesse passado a noite recebendo instruções da Amma. Talvez eu já possa dizer que aqui as coisas acontecem num ritmo muito mais rápido do que em qualquer lugar. Me parece que eu peço para a Amma, penso em alguma coisa e logo a resposta vem. Acordei sentindo meu coração mais leve, sentindo uma proteção maior e lá fui eu para fazer meu trabalho voluntário na cozinha, lavando pratos.
Hoje tudo foi muito mais fácil. Me concentrei apenas em mim, no trabalho, fiquei pensando na Amma e procurei ser o mais gentil possível com todos. Graças a Deus estou me sentindo muito mais leve. Provavelmente não é surpresa para ninguém, tive um dia bastante agradável, conheci várias pessoas, encontrei outras que eu já conhecia dos programas da Amma e foi bem bacana!
Hoje fui participar da loteria para a astrologia e havia uma senhora que queria muito fazer a leitura dela. Dei meu número para ela e depois saí pensando se eu havia feito bem, fiquei me perguntando isso e também um pouco “preocupada”. Será que vou ter uma nova chance de ser sorteada? Será que fiz bem em dar o que era meu para ela? Fiquei pensando nisso bastante e eis que depois do almoço encontro com ela novamente. Ela veio me dar a resposta! Me disse que tinha pedido muito pra Amma para fazer esta leitura e que tinha intuído que tiraria o número 4. Quando ela ficou de fora, porque tinha tirado o coração ficou muito desapontada. E sentiu que o fato de eu ter dado meu número para ela significou um presente da Amma. Alguém já adivinhou o número que eu tinha tirado? Claro que só podia ser o 4.
Também hoje estou feliz porque estou conseguindo ficar mais comigo mesma. Mônica está se lançando no ashram, um pouco “empurrada”, tenho que admitir, mas volta sempre com experiências maravilhosas.
Bem, hoje é domingo, agora são quase 7 da noite, Amma está dando darshan desde as onze da manhã. Os residentes podem receber darshan uma vez por semana! Recebi quando cheguei e ontem também. Agora só na próxima semana!
Max, lembrei de você, me soltei, olhei bem nos olhos dela! Como sempre me invadiram com doçura e me envolveu com todo o seu néctar.
Se alguém ainda pensa se eu vou voltar pro Brasil, claro que vou voltar. Mas espero em Deus ter a graça divina de vir para este lugar novamente e cada vez mais ficar neste local sagrado.
Nem ousem pensar que a Amma não é muito, mais muito conhecida mesmo. Hoje está cheio, cheio de indianos, cheio de famílias inteiras que vêem para o darshan. Continuo testando minha teoria de que nenhum indiano (homem ou mulher) resiste a um olhar direto e um sorriso sincero. Adoro encontrar com eles e adoro quando eles riem de mim....
Afinal, sou eu a estranha aqui...