sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Quando vesti um sári descobri quem sou e a verdadeira história do cabritinho ....

E aí vai o sári vermelho. Difícil de colocar, mais difícil ainda de usar.

Apenas uma pequena visão de uma das 5 torres enormes de Madurai

Para o meu irmão Max

E finalmente eu outra vez, no corredor das mil colunas que levam a Nataraja
Ninguém chegou perto da resposta do cabrito. Na verdade, quando fui fazer minha leitura astrológica com um dos astrólogos do ashram ele me deu várias coisas para fazer e eu pensei que todas seriam impossíveis. Incrível ou não eu já fiz a maioria delas e aí entra o cabritinho. Ele disse que uma vez nesta vida eu tinha que salvar um cabrito que iria ser logo morto por um açougueiro. Eu teria que pegar o cabrito, impedir que ele morresse e depois eu deveria dar para alguém e pedir que a pessoa nunca o matasse. Já dá prá imaginar que eu achei que seria impossível. Pois pasmem, paramos no meio do nada para pedir uma informação e lá estava o homem com o cabritinho. Perguntamos o que ele iria fazer e ele disse que estava levando para o açougue para ser morto. Seguiu-se uma enorme negociação indiana de preço e lá fomos nós adiante com o cabritinho, eu desesperada, John dirigindo e Mônica dando todas as nossas bananas para ela que estava faminta. Paramos numa casinha pobre de beira de estrada e demos o cabritinho à mulher. Incrível que ela nem estranhou muito, mas achou muito, muito estranho eu ter tornozeleira apenas numa perna. Ficou indignada e perguntando como eu podia ter perdido... Disse várias vezes, talvez vc perdeu por aqui....Como aquela não havia sido a primeira vez em que alguma indiana ficava chocada com minha tornozeleira, que sempre considerei tão sensual, acabei atendendo aos apelos do povo e agora uso tornozeleiras nas duas pernas... É verdade que eles me olham como se eu fosse um objeto estranho, uma marciana... Ontem em Madurai me perdi do John e da Mônica e não conseguia mais sair do lugar porque famílias inteiras vinham pedir para tirar fotos comigo. Shiva ali maravilhoso em suas inúmeras manifestações e os indianos interessados em mim!
Aí está a história verdadeira....Nístula, eu teria adorado poder contribuir para qualquer coisa ligada ao ashram e fico feliz em saber que em breve, daqui a poucos dias você estará com a Mãe. Quem sabe uma vez não vamos juntas para o ashram em setembro? É maravilhoso!
Mas não pensem que esta foi nossa única aventura... Salvamos bode, fizemos pujas dando leite para serpentes, fizemos pujas para os grahas da Anugraha e de todos, demos de comer às vacas, andamos descalças pelas ruas... negociamos incrivelmente no mercado de Madurai, brincamos de princesas, enfim.... uma linda aventura.
Yara, como eu poderia estar namorando na Índia? Infelizmente o escandinavo não rolou....rsrsrs Mas rolou e está rolando sim muita reflexão sobre o meu feminino, sobre o que estou fazendo com o concreto da minha vida...
Difícil usar palavras para descrever Madurai e sua cidade templo. Max, você entrará em êxtase dentro do templo de Shiva. Eu só pensava em você aqui o tempo todo.... Incrível, imperdível... Shiva em todas as suas manifestações.... Incrível. Você realmente tem que vir visitar Madurai.
Aí vai finalmente a foto com o sári. Por incrível que pareça, no dia em que usei o sári descobri verdadeiramente quem sou eu e toda minha força! Obrigada Mãe Divina! É uma longa e pessoal história..rsrsrs
Hoje é aniversário da Mônica e já tomamos um lindo café da manhã. Agora vamos partir para as montanhas (Ghats) e vamos passar dois dias num resort em plena natureza.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Quem adivinha o que pode estar fazendo um cabritinho no nosso carro?

Cá estamos nós no mundão da Índia. Que bom que eu já estou aqui há um mês e já posso entender/aceitar melhor este local onde Deus se manifesta tão fortemente e ao mesmo tempo o mundo é tão impactante.
Estou meio que brincando de indiana, cada dia acrescento um detalhe. Ontem foi o binji e a segunda tornozeleira, porque cansei de ser parada pelas mulheres na rua surpresas até a morte por eu andar NUA sem a segunda tornozeleira! O sari ainda não rolou, tá difícil....
Ontem visitamos KanyaKumari e viajamos até Madurai. Foi lindo ver um dos muitos templos que Amma construiu na Índia. O pujari era lindinho e antes que eu saísse me disse para eu nunca tirar Amma do meu coração! Homem sábio!
Bem, vivemos muita coisa, um dia intenso e como a Internet não é boa, e o tempo é pouco os detalhes virão ao vivo.
Mas para manter o interesse dos meus "leitores" (rsrsrs) segue uma foto tirada ontem!
Se alguém adivinhar o conteúdo da foto.... ahhhh.... ganha um presente especial
Pessoal da astrologia - será que vcs adivinham?

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Presentes

Ganhei mais um presente da Amma - assistir ao Kartika Puja que é celebrado todos os meses, mas este mês é especial por ser aniversário da Amma. O puja foi lindo, além dos rituais teve muito bhajans, uma vontade enorme de poder gravar. Mais uma vez foi o pujari que ficou muito meu amigo que me viu e foi logo me chamando.
Yara, já te liguei duas vezes... snifff, nunca consigo te encontrar em casa. Só dou sorte mesmo é com o Max!
Como ganhei presente, quero também dar para vocês - algumas fotos da festa.

O prédio novo todo iluminado - a foto é de ontem à noite

Ponte de ashram

O aniversário chegou e a viagem está acabando

Hoje vivi a emoção de assistir ao vivo o pada puja feito pelo Big swami e com a Swamini assistindo ao swami.
Fiquei muito, muito emocionada e chorei muito. Fazer os 108 nomes com o swami fazendo puja aos pés da Amma me transportou para uma dimensão linda.

Apesar de falarem em apenas 60 mil pessoas, a impressão que tenho é que há um número muito maior de pessoas.  Um mar de pessoas, um mar de filhos da Amma, um oceano de irmãos!
Que enorme a minha família!
Amma abriu o satsang falando sobre o anunciado "fim do mundo em 2012" e disse que o planeta irá mesmo morrer se continuarmos a agir desta forma, sem amor e sem compaixão. Depois falou sobre vários assuntos e anunciou que irá limpar os locais públicos, construir banheiros públicos para mudar esta forma de vida dos indianos, começando por Kerala e depois em toda a Índia.
Todo mundo poderá ler melhor o satsang no site da Amma, pois já postaram tudo lá.
Pude tirar muitas fotos de tudo ontem e também algumas hoje, mas não posso colocar estas fotos da Web. Então, todos teremos que esperar para vermos as fotos juntos.
Agora são 6h50 e Amma continua dando darshan. Vamos jantar e depois iremos até lá um pouquinho.
A estadia está acabando. Amanha a tarde vamos partir até o extremo sul e depois até Madurai. Não sei se vou conseguir postar muito, mas vou tentar.
Beijos, obrigada por terem estado comigo enquanto estou em casa!
No amor da Amma

domingo, 26 de setembro de 2010

O que é um satguru e como celebramos o aniversário do guru?

Não vou aqui definir um guru, mas se puder tirar alguns dos preconceitos que temos em relação aos mestres, já terá valido a pena. Muita gente imagina que um mestre realizado apenas nos diga para rezar, para que façamos práticas espirituais, coisas assim. Não conheço muito outros mestres, já que Amma me pinçou diretamente, mesmo que eu não tivesse muita consciência desse meu anseio. Mas o pouco que sei da Amma, posso falar aqui. Amma em satsang não fala apenas da auto-realização por meio de austeridades ou coisas assim, mas nos coloca muito ligados na vida aqui e agora. Amma tem falado nos seus satsangs, por exemplo, sobre a crença boba que temos de doar orgãos, principalmente na cultura indiana. Ela disse que tudo isso é besteira e que o bem que podemos fazer a um irmão doando um orgão é uma bênção enorme para nossa evolução. Amma falou também sobre dar o exemplo e criticou a sociedade indiana, que faz xixi e cocô por todo lado. Ela disse que nós todos que temos consciência devemos dar o exemplo: catar o lixo na rua, não usar as ruas como banheiros etc.. Disse também que por meio das nossas ações podemos ser inspiração para os outros e este também é um dos motivos para termos cuidado com nossas ações e permanecermos sempre em sattwa.
Amma também dá exemplos incríveis no ashram de economia e preservação. Confesso que uma das coisas que tem me impactado é o controle do uso da água. Eles têm sérios problemas com a água do local e já ficaram sem água duas vezes no ano passado. Então, o consumo de água é totalmente controlado. Poucas pessoas lavam louça com água corrente. Fazemos sempre 3 ou 4 bacias: pré-lavagem 1, pré-lavagem 2, sabão e enxágue.
No início eu tinha verdadeiro asco disso, porque além de ser uma prática diferente da minha, o sabão usado é uma espécie de cinza e a água é marrom. Então vc tem a impressão de estar lavando louça em água mais suja do que seu prato. Mas decidi insistir e ir além nos meus "padrões" de limpeza. Comecei a pensar que se minha anunciada expectativa de vida, de mais 28 anos se realizar, eu ainda estarei por aqui quando não pudermos mais tomar banho todos os dias, apesar do calor. Também viverei a falta de água e verei pessoas morrendo de sede, porque este é um problema real. Além disso, meus filhos irão sofrer e meus netos mais ainda...
Pouco a pouco, fui aceitando este estilo e agora fico toda feliz lavando minha louça desse jeito e, mais do que tudo, também passei a economizar muito mais água ao lavaar roupa, lavar os dentes, tomar banho etc..
Os exemplos são muitos, o tempo todo. Tudo é reciclado, tudo é usado cuidadosamente. Toda esta descrição que fiz ocorre do lado ocidental. Não há um "lado" ocidental, mas os ocidentais se agrupam mais em torno da cantina ocidental e também do local onde é servida a comida ocidental. Já do lado dos indianos é um outro mundo. Rs.rsrsrsrsrs
Eu que adoro a interação, frequento sempre o lado indiano e procuro dar o exemplo. Às vezes vejo que alguns seguem e lembro da Amma. Também reparo no exemplo deles e procuro seguir. Os indianos sorriem muito mais, parecem ser mais calmos e tranquilos e eu corro atrás....
São tantos os exemplos que a Amma dá que seria impossível escrevê-los todos aqui. Ontem Amma terminou o darshan super tarde, mesmo tendo dado darshan em pé para as pessoas, o que é muito mais rápido.
Inútil repetir que o número de pessoas mais do que dobrou. Até comprei algumas frutas para comer, porque acho que será um milagre conseguir ficar na fila para comer hoje. Hoje, às 7 da manhã, já havia uma fila de umas 100 mulheres esperando para sentar. Tem gente de todo lado, gente fazendo de um tudo e tudo vai andando e se formando.
Fiquei pensando nesta gente toda que, em princípio me assusta, mas olhando a todos como os privilegiados filhos da Amma fico feliz. Também eu, que sempre adorei família grande, vejo agora que tenho uma família enorme - os milhões de filhos da Amma de todo o mundo. Os que estão aqui e os que não puderam vir fisicamente, mas que estão no mundo todo preparando a celebração da encarnação da Mãe Divina.
Nossa estadia está chegando ao fim. Daqui a 3 dias já vamos embora. Vamos dar uma passeada até a ponta extrema do continente e depois vamos até Madurai.
Nossas amigas francesas já começam a partir e há uma tristeza no ar... A família se separa, cada um voltando para seu pequeno núcleo. Várias pessoas me perguntaram se pretendo voltar "prá casa" no próximo ano e eu disse que sim. Todos pensamos como será lindo se pudermos viver juntas mais um mês no colo da Amma