quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O que será que acontece aqui?

Não sei explicar o que acontece, mas o simples fato de estar aqui me traz tanta paz interior. Claro que algumas "dificuldades" me incomodam. Hoje e ontem, por exemplo, tive uma bela demonstração da famosa monções asiáticas. Chovia a cântaros e num determinado momento, até meus ossos estavam incomodados com a umidade. Mas, pelo menos por enquanto, não encontrei nenhuma dificuldade que não possa ser superada. Um pensamento frequente me vem à cabeça - a opção. É minha opção estar aqui, viver essa experiência.
O burburinho das pessoas me incomoda pouco e, quando isso acontece, volto aqui prá "terrinha"...hehe, onde durmo com o coaxar dos sapos, o barulho da coruja e a certeza da proteção da Amma.
Então, a pergunta seguinte é: por que tenho que vir até aqui para sentir isso? Por que não comprar um pedacinho de terra lá no Brasil, construir uma casinha de 20 metros quadrados e viver feliz? Não tenho essa resposta (pelo menos não ainda).
Ontem também tive uma outra 'dificuldade'. Chego para fazer meu seva no café e encontro um monte de gente nova... Eu falo para a garota que é o meu turno, ela simplesmente me ignora e continua (muito gorda) a ocupar meu lugar. Até aí tudo bem - eu penso - ah, o importante é que tudo dê certo. Mas por dentro não estava feliz... Aí as coisas começaram a dar errado. Chovia a cântaros, a moça ficava horas conversando ao invés de atender logo as pessoas sob a chuva, não sabia impor a ordem na fila. E eu voltei a dizer, pode deixar que eu sou cashier, tenho experiência e agora é meu turno. Que nada... Até que as coisas começaram a ficar confusas na cozinha também.. Ela não sabia fazer comandos e tudo começou a virar um caos... Fui chamada pelo pessoal da cozinha e simplesmente respondi: não sou eu e já tentei falar com ela e ela não me escuta. Então, acho melhor vocês falarem com ela... Ela se ressentiu toda e ficou para trás como runner (assistente) e aí o caos já estava instalado e tivemos que correr por 2 horas.
No final, trabalhamos muito, todos e o tempo passou. Mas não gostei de ter lembrado do meu desconsolo quando algo não sai bem, e eu sei como fazer e sou impedida por algum motivo... Também percebi meu apego imediato à posição - parece até que eu fiz um treinamento para ser caixa minha vida inteira e que estou aguardando promoção... Entendi um pouco mais, sem conclusões o que significa apego.
No mais o dia de ontem foi de êxtase para mim: chego no grande hall e ele está cheio até não caber mais ninguém, transbordando mesmo. Acabo conseguindo uma cadeirinha para sentar e, apenas me sento, AMMA COMEÇA A DANÇAR. Ela é simplesmente linda, maravilhosa e tão, mas tão sutil dançando...Eu não conseguia parar de chorar... Chorar de emoção e felicidade. Logo estávamos todos também vibrando nessa mesma felicidade.
No ano passado não consegui ficar até o final do Onam e este ano me disse que ficaria, mesmo com toda a umidade, mesmo dormindo durante o espetáculo porque queria ver a Amma.
Ahhhh!!! Como valeu a pena. Como me diverti, como fiquei feliz, como cantei Bandalo!!! Jai Ma!!!
E hoje tudo continua... Amma está no salão dando darshan, temos o encerramento de Ganesha (que não poderei acompanhar este ano porque tenho que trabalhar às 16 horas e será às 15h30)... e muito trabalho de tradução pela frente.
Comecei a escrever pensando nos corvos, gralha, sei lá o nome desses pássaros que para mim são emissários da Amma prestando atenção em tudo. Há sempre um que fica no galho da árvore aqui em frente e grita Ma, Ma o tempo todo. Eles são mesmo curiosos e incrivelmente espertos. Estava preparando meu almoço (arroz basmati com dal feito em casa por mim mesma, suco de tangerina e doce de banana de sobremesa) quando olho para trás. Havia uma pequena fresta em uma das janelas e lá estava ele - espiando dentro da minha casa, pronto para entrar!!! São mesmo safadinhos, mas ao mesmo tempo me fazem companhia, assim como o Lupi e a Circe de quem tenho tanta saudades!

3 comentários:

  1. Adorei este texto! Adorei suas observações sobre você mesma. No final do dia , tudo bem... Ver a Amma dançando! Quanta alegria!!! Todo o gás para mais dias, com confusão ou sem confusão! Beijos!

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  2. Ah, que bom que vc respondeu... Eu sempre rezo um pouquinho antes de escrever e peço a Deus que, se possível, isso também sirva a mais alguém, pelo menos para fazer alguém feliz!
    Saudades. Te procuro sempre no Facebook online, mas....

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  3. Ler seus textos é sempre muito emocionante para mim.

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