Tinha pensado em escrever hoje um pouco sobre a minha rotina
aqui no ashram, que difere dos anos anteriores. No entanto, apesar de haver uma
determinada orientação na minha vida, que gira em torno da presença física da
Amma, como pensar em rotina vivendo na extensão do corpo do guru?
Então, hoje me bateu uma saudade enorme da minha filha. Sei
lá, vontade de estar com ela, de papear, daqueles momentos deliciosos que nós
temos. Aí entrei num banzo total porque tenho esta saudade do Lucas há anos e
fiquei mais triste ainda. Tentei me concentrar em muita atividade, tentei
dormir, mas desabei de choro sem remédio para tanta saudade.
Até que resolvi sair do quarto e ir prá perto da Amma que
estava desde manhã dando darshan sem que eu fosse até Ela. Nem precisei chegar
até o hall. Já no café encontrei a moça com quem fiz seva durante este mês que
gentilmente me perguntou se eu gostaria que ela fosse me visitar no hospital
durante minha permanência lá. Dei mais alguns passos e encontrei uma outra moça
alemã que queria muito dar um presente a alguém e achou que teria que ser eu.
Ela me ofereceu bolos, qualquer coisa do café, mas como estou firme no meu
regime sem açúcar (só prassad), aceitei uma small lemonade!!!
Visão da puja do aniversário da Amma |
Caminhei mais um pouco e mais uma outra residente veio me
oferecer umas balinhas. Mais um passos e minha pequenina, uma senhora doente
que mora aqui com a irmã veio toda feliz me encontrar. Sempre que posso eu a levo
tomar um chai fora do ashram. Esta história do chai fora do ashram é o maior
desafio para mim. A gente vira uma ruelinha, anda 10 metros e está numa
teahouse típica da Índia, com preços abusivos por causa da proximidade do
ashram e com a sujeira e a tristeza típica do descaso que vejo sempre que saio
daqui. Esta senhora, que vive aqui com a irmã, ambas de família nobre indiana
(parece que elas eram princesas, mas não sei mais detalhes sobre isso), adora
este chai e a irmã me pede para levá-la todos os dias, mas tem que ser
exatamente às 18 horas.
E assim foi - uma sucessão de carinhos, de agrados, de gente
gentil expressando a apreciação delas por mim e eu apenas recebendo todo este
carinho - sentindo que vinha diretamente das mãos e principalmente do coração
da Amma!
Então, depois de uma puja de Shiva-Shakti linda, depois de
mais presentes, de meditar mais de uma hora perto da Amma.... enfim - depois de
todo um dia, descobri que minha grande rotina aqui é mesmo a de ter respostas
muito rápidas para quase tudo.
No entanto, Amma que sabe tudo, também sabe que há temas
difíceis para nós e o de agora vem bem a calhar: quando dizer sim e quando é
preciso dizer não!
A foto escolhida, além de retratar uma mandala linda toda em especiarias feita para a puja especial do aniversário da Amma, serve também para agradecer aos meus queridos alunos de astrologia aqui do ashram que, cheios de amor, me deram uma lamparina como essas para eu poder "queimar ghee" todos os dias, como me recomendou o astrólogo.
A rotina banal, bem esta fica para depois!
Om namaha shivaya
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