Não me canso de curtir e acompanhar a "família" de
corvos na árvore ao lado da minha janela. Olhar o ninho e lembrar de quantas e quantas
vezes eu vi um corvo indo para cá e para lá com galhos na boca, alguns até
grandes e pesados. Desde ontem, a "corva" está sentada no ninho sem
sair. Ela também fica quieta e emite sons bem baixinho. O macho (lindo e eu
agora aprendi a distinguir entre eles) vem vê-la de tempos em tempos e, às vezes, fica no
galho ao lado do ninho fazendo companhia. Ontem de noite choveu muito, temporal
mesmo e, quando fui fechar minha janela, lá estava ela - banhada e protegendo
sua cria.
Fico observando e pensando o que nós humanos (homens e
mulheres) fizemos deste instinto de procriação inerente a qualquer animal. Observo
os "desejos" de maternidade que muitas vezes me contam e percebo que há pouca reflexão sobre o
que significa este ato para nós humanos. Vejo também tantas mulheres querendo ser mães
solteiras, algumas que apenas pretendem usar um "macho" qualquer para
satisfazer seus desejos egóicos, tantos homens deixando de viver o prazer da
paternidade, por fugir à responsabilidade. Outras ainda nem sabem bem por quê querem ser mães - simplesmente para seguir a onda da vida ou até mesmo para agradar a própria mãe.
Tudo isso me entristece porque também vejo crianças confusas, mal amadas, mal cuidadas (quase todo mundo sabe da triste história da garotinha desequilibrada que vive no apartamento acima do meu no Rio).
Também me fascina a calma e paciência da corva sentadinha lá
chocando seus ovos e a amorosidade do macho que neste momento está cumprindo seu papel de provedor. Hoje, muitas mulheres preferem competir com os homens
profissionalmente e nem pensam em parar a corrida desenfreada pelo mundo
masculino e pelo dinheiro e ego para curtir suas crias, deixando-as de lado na
mão de outras "corvas" que também só têm olhos para seus filhotes,
que por sua vez, estão sabe Deus nas mãos de quem.
Em momento algum estou dizendo que a vida das mulheres (e
dos homens) atualmente seja fácil. Ao contrário, hoje com esta mescla de papéis
a vida ficou muito, muito mais difícil para todos. Isso pode explicar
parcialmente mulheres tão masculinas e fálicas e homens tão fracos.
É particularmente importante para mim observar esses corvos
neste momento. Acabei de ler o "The Pregnant King", baseado num personagem
do Mahabharata e os corvos são citados o tempo todo como as almas dos
antepassados que esperam uma oportunidade para reencarnar. Os ruídos feitos por
eles chamam a atenção o tempo todo.
Sou feliz por poder refletir sobre a natureza
humana, sobre os caminhos da vida. Feliz e agradecida por poder acompanhar o
surgimento dessas novas vidas.
Rezo a cada olhar ao ninho para que todos, corvos e humanos
possamos ser felizes, e aproveito para reverenciar meus antepassados!
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