sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O Pada Puja, ah o pada puja...

Mais um dia juntinho com a Amma e quanta felicidade. Acho que muita gente sabe que eu sempre quis fazer um pada puja para a Amma, um pada puja feito por brasileiros, mas, na verdade, nunca tinha assistido ao pada puja clássico aqui do ashram porque Amma sempre termina tarde e estou sempre tendo que dormir. Só tinha (e tenho) muito desejo de participar de um pada puja clássico para a Amma.
Ontem, foi o dia de Devi e suas leelas...hehehe. Primeiro, durante meu seva, a cada vez que eu tinha um pensamento "irritadiço" (chovia a cântaros, o chão do café fica cheio de água, um vento horrível) caía algo da minha mão, ou eu errava o troco... Fui me irritando, irritando, até que senti a mão de Devi brincando comigo e resolvi também brincar. Quando caiu uma bandeja dos meus bolos, ah, aí me diverti.... Resolvi "salvar" os bolos como se estivesse salvando o bem mais precioso do mundo. Assim que parei de me irritar, assim que resolvi relaxar e brincar com aquela leela, tudo se acalmou. Eu estava sim bastante cansada (temos trabalhado muito, muito mesmo no nosso horário e nem temos ajudante como nos outros horários), mas tudo se transformou.
Fiquei pensando depois: o que me (nos) falta para levar uma vida assim, sempre olhando o lado positivo, sentindo essa proteção de Deus no caminho o tempo todo? Porque não sei (não sabemos) brincar com as situações e levo (levamos) tudo tão a sério? Ai, Amma, me ensina a brincar com a vida!
Em seguida, Devi não totalmente satisfeita, continuou com suas brincadeiras: Parecia haver pouca gente no hall e todos estavam comentando que Amma iria terminar cedo o darshan. Era meu dia de darshan!!! Estava cansada, mas decidi que não perderia essa oportunidade divina! Aí voltei para o hall às 9h30, segura de que às 11h30 tudo estaria acabado... Que nada... Amma dava darshans enormes, dedicava um momento para cada um, falava, falava, falava... Vi que eu havia ficado para o final do darshan e resolvi que ontem seria o dia em que eu ficaria até o final do darshan e que iria assistir o pada puja.
Meu darshan foi lindo, cheio de acolhimento intenso - um contato grudado intenso da Amma comigo e, para não perder o costume, antes do meu darshan lá estava o pé, o divino pé, envolto em uma meia que desta vez... cham, cham, cham, cham - era branca!
Depois do darshan tive que batalhar um pouquinho para manter meu lugar no palco, pertinho da Amma porque queria assistir tudinho e lá vamos nós: chega a família (umas 8 ou 10 pessoas), as mulheres (eram duas) fizeram símbolos com sândalo sobre os pés da Amma, depois banharam os pés dela. Em seguida (posso estar errando na ordem) colocaram muitas jóias na Amma: tornozeleiras, pulseiras, anel, colar, brincos enormes e até aquela joia linda que se coloca no topo da cabeça... Amma aceitava tudo, com tanto amor!
Enquanto isso as pessoas cantavam o Guru stotram... ai que lindo!
Depois colocaram um sári maravilhoso nas costas da Amma e aí veio para mim a melhor parte: a comida!
Havia uma bandeja bem grande, com vários pratos e eles pegavam com a colher e davam de comer para a Amma!!!! Ai!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Depois, Amma pegou a colher e deu de comer a cada um da família e brincava, brincava...
Perdi um pouco a lembrança da ordem do pada puja, mas lembro como Amma estava incomodada com as jóias (principalmente a da cabeça) e tirou logo que pode.
Mas é lindo, lindo, lindo. Tudo é filmado, a família fica com a água sagrada da lavagem dos pés... Muitos darshans para todos!
Amma, que um dia nessa vida eu possa ter a grande benção de fazer um pada puja, adorando os pés da minha amada Mestre.
Finalmente o dia de darshan terminou, Amma ergueu-se rapidamente e saiu sorridente, comandando o corpo, que havia estado por mais de 14 horas parado sentado, para que se movesse. Aí ocorre o corre-corre normal para estar perto de onde a Amma vai passar e desta vez Amma criou mais uma leela. Ninguém sabia por onde Ela ia passar... Esperei, esperei, esperei e quando vi estavam fechando os portões! E eu tinha que andar até chegar no meu quarto! Quando atravessei e passei diante do hospital - surpresa: Amma estava dentro do hospital, os seguranças sentados esperando perto dela, um swami esperando sentado do lado de fora e.... por incrível que pareça, às 2h30 da manhã ainda havia pessoas ali em pé esperando que Ela saísse. Entendi o que Ela havia dito sobre não poder sair pelo ashram!
Nem preciso dizer que cheguei tarde no quarto e estava tão energizada, tão feliz que não conseguia dormir... Queria dividir com alguém minha felicidade, contar sobre o pada puja etc... Ainda bem que a Laurinha estava acordada e me escutou (pelo Whatsapp) e depois, sabiamente, me mandou dormir!
Dormi como um anjo relaxado até as 8 da manhã!
Jay Ma!
Um outro dia, mais um dia feliz hoje!


quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O que será que acontece aqui?

Não sei explicar o que acontece, mas o simples fato de estar aqui me traz tanta paz interior. Claro que algumas "dificuldades" me incomodam. Hoje e ontem, por exemplo, tive uma bela demonstração da famosa monções asiáticas. Chovia a cântaros e num determinado momento, até meus ossos estavam incomodados com a umidade. Mas, pelo menos por enquanto, não encontrei nenhuma dificuldade que não possa ser superada. Um pensamento frequente me vem à cabeça - a opção. É minha opção estar aqui, viver essa experiência.
O burburinho das pessoas me incomoda pouco e, quando isso acontece, volto aqui prá "terrinha"...hehe, onde durmo com o coaxar dos sapos, o barulho da coruja e a certeza da proteção da Amma.
Então, a pergunta seguinte é: por que tenho que vir até aqui para sentir isso? Por que não comprar um pedacinho de terra lá no Brasil, construir uma casinha de 20 metros quadrados e viver feliz? Não tenho essa resposta (pelo menos não ainda).
Ontem também tive uma outra 'dificuldade'. Chego para fazer meu seva no café e encontro um monte de gente nova... Eu falo para a garota que é o meu turno, ela simplesmente me ignora e continua (muito gorda) a ocupar meu lugar. Até aí tudo bem - eu penso - ah, o importante é que tudo dê certo. Mas por dentro não estava feliz... Aí as coisas começaram a dar errado. Chovia a cântaros, a moça ficava horas conversando ao invés de atender logo as pessoas sob a chuva, não sabia impor a ordem na fila. E eu voltei a dizer, pode deixar que eu sou cashier, tenho experiência e agora é meu turno. Que nada... Até que as coisas começaram a ficar confusas na cozinha também.. Ela não sabia fazer comandos e tudo começou a virar um caos... Fui chamada pelo pessoal da cozinha e simplesmente respondi: não sou eu e já tentei falar com ela e ela não me escuta. Então, acho melhor vocês falarem com ela... Ela se ressentiu toda e ficou para trás como runner (assistente) e aí o caos já estava instalado e tivemos que correr por 2 horas.
No final, trabalhamos muito, todos e o tempo passou. Mas não gostei de ter lembrado do meu desconsolo quando algo não sai bem, e eu sei como fazer e sou impedida por algum motivo... Também percebi meu apego imediato à posição - parece até que eu fiz um treinamento para ser caixa minha vida inteira e que estou aguardando promoção... Entendi um pouco mais, sem conclusões o que significa apego.
No mais o dia de ontem foi de êxtase para mim: chego no grande hall e ele está cheio até não caber mais ninguém, transbordando mesmo. Acabo conseguindo uma cadeirinha para sentar e, apenas me sento, AMMA COMEÇA A DANÇAR. Ela é simplesmente linda, maravilhosa e tão, mas tão sutil dançando...Eu não conseguia parar de chorar... Chorar de emoção e felicidade. Logo estávamos todos também vibrando nessa mesma felicidade.
No ano passado não consegui ficar até o final do Onam e este ano me disse que ficaria, mesmo com toda a umidade, mesmo dormindo durante o espetáculo porque queria ver a Amma.
Ahhhh!!! Como valeu a pena. Como me diverti, como fiquei feliz, como cantei Bandalo!!! Jai Ma!!!
E hoje tudo continua... Amma está no salão dando darshan, temos o encerramento de Ganesha (que não poderei acompanhar este ano porque tenho que trabalhar às 16 horas e será às 15h30)... e muito trabalho de tradução pela frente.
Comecei a escrever pensando nos corvos, gralha, sei lá o nome desses pássaros que para mim são emissários da Amma prestando atenção em tudo. Há sempre um que fica no galho da árvore aqui em frente e grita Ma, Ma o tempo todo. Eles são mesmo curiosos e incrivelmente espertos. Estava preparando meu almoço (arroz basmati com dal feito em casa por mim mesma, suco de tangerina e doce de banana de sobremesa) quando olho para trás. Havia uma pequena fresta em uma das janelas e lá estava ele - espiando dentro da minha casa, pronto para entrar!!! São mesmo safadinhos, mas ao mesmo tempo me fazem companhia, assim como o Lupi e a Circe de quem tenho tanta saudades!

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Happy Onam

Terça-feira, dia de meditação e prassad da Amma no templo de Kali. Além disso, hoje e véspera de Onam. Asram cheio, a cada minuto chegam mais pessoas para celebrar a principal festa de Kerala com a Amma. Às 11 horas da manhã o templo já está lotado, parece não caber mais ninguém. Amma entra por volta das 11h30, senta e faz entrar mais 50 pessoas que estavam do lado de fora e em cima. Depois fala e fala em malaialo e finalmente diz em inglês que ainda cabem mais 40 pessoas sentadas num lugar onde meia hora antes parecia não caber mais ninguém. Logo as bramacharinis se erguem e começam a passar de mão em mão cadeiras de um lado para outro. Movimento, movimento e eis o milagre do espaço - todos acomodados. É o milagre do amor!
Aí depois veio a tradução e acho que pode ser muito interessante para todos: Amma disse que quando as pessoas visitam o ashram é dever dos bramacharis e bramacharinis, bem como dos residentes verificar se todos estão instalados confortavelmente, se há lugar e acomodação para todos. Amma sabe que os residentes e bramacharis e bramacharinis trabalham muito o tempo todo e que nesses dias ela se reúne com eles para instruções, orientações, mas que em véspera de festas assim como a de amanhã, temos todos que fazer um esforço. Amma continuou dizendo que antigamente ela costumava sair à noite para verificar se todos estavam acomodados, dormindo bem. Ela disse que hoje infelizmente ela não pode mais fazer isso porque a cada vez que sai do quarto para fazer qualquer coisa há muita gente com ela, seguindo-a o tempo todo e ninguém descansaria. Então, agora é dever dos residentes e bramacharis acolher a todos. Amma disse também que os convidados são uma expressão de Deus que chega até nós e assim devem ser tratados.
Essa é a Amma! É sempre bom lembrar e reviver o quanto a Amma é gentil, sorridente, aberta e acolhedora. Ela novamente voltou a falar dos devotos que não sorriem, que ficam de cara fechada e que sofrem agora de um apego exagerado ao mat de meditação. Ela disse que se continuarem assim ela terá que criar um novo mantra para o mat.
Infelizmente, duas horas depois, quando passei pelo hall grande para ir trabalhar ele já estava todo tomado pelos mats.... Parece que muita gente não escuta o que o guru diz!!!
Amanhã grande dia - ONAM!!! Amma fica conosco o dia todo!
Amma dará darshan, depois prassad para todos, depois teremos espetáculos culturais!!! Uhh Mas Onam aqui é apenas uma pequena amostra do que é a celebração do aniversário da Amma, quando ela acolhe tanta, tanta gente.
Depois de amanhã, dia 30 de agosto, encerramento do Ganesha Chaturthi!!!
E tem muito mais depois!!! Todos os dias aqui é uma felicidade só.
Happy Onam a todos!!!

P.S.: No ano passado o Max e a Abhaya chegaram no ashram na festa de Onam! Lembro bem da gente preparando tudo para eles e esperando com o coração tão feliz a chegada dos irmãos!!! Espero que vocês e todos possam um dia estar aqui celebrando Onam novamente!